domingo, 7 de junho de 2009
condenados à música
"Onde estamos quando ouvimos música? A indicação do local permanece vaga; apenas é certo que nunca se pode estar completamente no mundo quando se está a ouvir música. Porque ouvir, no sentido musical, quer sempre dizer ou ir ao encontro do mundo ou fugir dele. Por isso, na aproximação a ontologia do ouvido surgem de novo as perguntas daquela antiga gnose que , na modernidade, apenas se pode manifestar anonimamente.O humano ser-no-mundo representa-se, segundo a compreensão gnóstica, como um ser indo ou com um ser vindo, nunca como um insistir e habitar,por mais que Heidegger numa tardia viragem criptocatólica tenha tentado de novo abordar o homem como um inquietante ser que habita. Representam-se, com razão, os anjos como músicos, apenas tocam, não ouvem nada. Se fossem ouvintes, seriam semelhantes a nós. Mas nós estamos condenados à música, como à saudade e à liberdade. Enquanto arte dos condenados, a música continuará a ser, segundo uma expressão de Thomas Mann, até nova ordem, um território demoníaco."
O Estranhamento do Mundo, Peter Sloterdijk.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
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