sábado, 26 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ano Novo

Ferreira Gullar


Meia noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)



sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Relógio

Oswald de Andrade

As coisas vão
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão

(as coisas têm: peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido.

as coisas não têm paz.)
*Caetano Veloso

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Anjo das tormentas

Mauro Jorge Santos

os pescadores fecham
a saída e a entrada
da aldeia

encurralam o anjo
mas ele invoca os ventos

os pescadores são muitos
mas não acuam o anjo agora
não por restarem poucos
mas por ninguém ousar

aproximar-se do mistério de sua fúria

o anjo era o terror de cada um
- um terror incógnito -
como uma voz sem corpo
deslocada
que chama
ao lado contrário do ser

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

saudade

Avós: Celso e Marieta

SAUDADE é uma palavra
O sol da idade e o sal das lágrimas
Waly Salomão

domingo, 6 de dezembro de 2009

um presente

Tarde dessa conversava com um amigo sobre espiritualidade, existência, viver, renascer... Ele me lembrou de “Dreams”, do Akira Kurosawa. Um belíssimo filme que transpõe toda a sensibilidade do realizador e os seus sentimentos em relação à vida, a morte, ao fantástico e ao mundo.

“Daria o melhor de mim para aproveitar as minhas capacidades como artista. Eu sinto-me responsável, verdadeiro e honesto para com minha profissão e estou consciente disso. Eu estou primeiro a lidar com a sociedade japonesa e a tentar ser cândido ao lidar com os nossos problemas. Espero que você entenda isso sobre mim quando vir o filme. Como um contador de histórias, não tenho segredos..”.
Akira Kurosawa


Vida longa, Katarino!



Um raio de sol através da chuva

O jardim das pessegueiras



A tempestade


O túnel



Corvos

O Monte Fuji em vermelho

O demônio que chora


O vilarejo dos moinhos



Fotos: fotografia-de-cinema.blogspot.com

sábado, 5 de dezembro de 2009

capítulo para o "Evangelho"

By José Saramago

De mim se há-de dizer que depois da morte de Jesus me arrependi do que chamavam os meus infames pecados de prostituta e me converti em penitente até ao fim da vida, e isso não é verdade. Subiram-me despida aos altares, coberta unicamente pela cabeleira que me desce até aos joelhos, com os seios murchos e a boca desdentada, e se é certo que os anos acabaram por ressequir a lisa tersura da minha pele, isso só sucedeu porque neste mundo nada pode prevalecer contra o tempo, não porque eu tivesse desprezado e ofendido o mesmo corpo que Jesus desejou e possuiu. Quem aquelas falsidades vier a dizer de mim nada sabe de amor. Deixei de ser prostituta no dia em que Jesus entrou na minha casa trazendo-me a ferida do seu pé para que eu a curasse, mas dessas obras humanas a que chamam pecados de luxúria não teria eu que me arrepender se foi como prostituta que o meu amado me conheceu e, tendo provado o meu corpo e sabido de que vivia, não me virou as costas. Quando diante de todos os discípulos Jesus me beijava uma e muitas vezes, eles perguntaram-lhe porque me queria mais a mim que a eles, e Jesus respondeu: “A que se deve que eu não vos queira tanto como a ela?” Eles não souberam que dizer porque nunca seriam capazes de amar Jesus com o mesmo absoluto amor com que eu o amava. Depois de Lázaro ter morrido, o desgosto e a tristeza de Jesus foram tais que, uma noite, debaixo do lençol que tapava a nossa nudez, eu lhe disse: “Não posso alcançar-te onde estás porque te fechaste atrás de uma porta que não é para forças humanas”, e ele disse, queixa e gemido de animal que se escondeu para sofrer: “Ainda que não possas entrar, não te afastes de mim, tem-me sempre estendida a tua mão mesmo quando não puderes ver-me, se não o fizeres esquecer-me-ei da vida, ou ela me esquecerá”. E quando, alguns dias passados, Jesus foi reunir-se com os discípulos, eu, que caminhava a seu lado, disse-lhe: “Olharei a tua sombra se não quiseres que te olhe a ti”, e ele respondeu: “Quero estar onde estiver a minha sombra se lá é que estiverem os teus olhos”. Amávamo-nos e dizíamos palavras como estas, não apenas por serem belas e verdadeiras, se é possível serem uma coisa e outra ao mesmo tempo, mas porque pressentíamos que o tempo das sombras estava a chegar e era preciso que começássemos a acostumar-nos, ainda juntos, à escuridão da ausência definitiva. Vi Jesus ressuscitado e no primeiro momento julguei que aquele homem era o cuidador do jardim onde o túmulo se encontrava, mas hoje sei que não o verei nunca dos altares onde me puseram, por mais altos que eles sejam, por mais perto do céu que alcancem, por mais adornados de flores e olorosos de perfumes. A morte não foi o que nos separou, separou-nos para todo o sempre a eternidade. Naquele tempo, abraçados um ao outro, unidas pelo espírito e pela carne as nossas bocas, nem Jesus era então o que dele se proclamava, nem eu era o que de mim se escarnecia. Jesus, comigo, não foi o Filho de Deus, e eu, com ele, não fui a prostituta Maria de Magdala, fomos unicamente aquele homem e esta mulher, ambos estremecidos de amor e a quem o mundo rodeava como um abutre babado de sangue. Disseram alguns que Jesus havia expulsado sete demónios das minha entranhas, mas também isso não é verdade. O que Jesus fez, sim, foi despertar os sete anjos que dentro da minha alma dormiam à espera que ele me viesse pedir socorro: “Ajuda-me”. Foram os anjos que lhe curaram o pé, eles foram os que me guiaram as mãos trementes e limparam o pus da ferida, foram os que me puseram nos lábios a pergunta sem a qual Jesus não poderia ajudar-me a mim: “Sabes quem eu sou, o que faço, de que vivo”, e ele respondeu: “Sei”, “Não tiveste que olhar e ficaste a saber tudo”, disse eu, e ele respondeu: “Não sei nada”, e eu insisti: “Que sou prostituta”, “Isso sei”, “Que me deito com homens por dinheiro”, “Sim”, “Então sabes tudo de mim” e ele, com voz tranquila, como a lisa superfície de um lago murmurando, disse: “Sei só isso”. Então, eu ainda ignorava que ele fosse o filho de Deus, nem sequer imaginava que Deus quisesse ter um filho, mas, nesse instante, com a luz deslumbrante do entendimento pelo espírito, percebi que somente um verdadeiro Filho do Homem poderia ter pronunciado aquelas três palavras simples: “Sei só isso”. Ficámos a olhar um para o outro, nem tínhamos dado por que os anjos se tinham retirado já, e a partir dessa hora, pela palavra e pelo silêncio, pela noite e pelo dia, pelo sol e pela lua, pela presença e pela ausência, comecei a dizer a Jesus quem eu era, e ainda me faltava muito para chegar ao fundo de mim mesma quando o mataram. Sou Maria de Magdala e amei. Não há mais nada para dizer.

Publicado em O Caderno de Saramago.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

dos momentos

tem momentos que é assim:
cândida, terna, doce…
é quando se sente leve
e voa como borboleta
beija feito beija-flor
sopra feito brisa mansa
e exala cheiro de jasmim!

tem momentos que é assim:
pesada que nem ferro que afunda...
é quando se sente fera
e rosna feito cadela doida
a boca cospe água salgada
mão que desata trevas
e exala cheiro de lama!

mulher: fascínio e desespero
!

sábado, 28 de novembro de 2009








Chapada Diamantina - Ba

as árvores são fáceis de achar
ficam plantadas no chão...


o que cabe no pensar




sei que ontem vinha para casa e pensava no mar. bem verdade, pensava no mar, mas o via, em todo o percurso. então não pensava. estou uma ilha, cercada de pensamentos por todos os lados. trapezismos mentais. queria um pouco de nada. coisa alguma. só pra escapar dessa rotina, vícios enviezados. um grito silencioso querendo virar ruído. e alguém pra dizer que isso passa, que é a vida. abrir e fechar os olhos, isso sim, é ter dia e noite. o mar é grande demais pra me caber no pensar...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

a poética da viagem

Até tentei, nesses tantos dias que estive ausente daqui, por várias vezes, escrever o que me vinha à cabeça, mas me custava tanto ter idéias sobre qualquer coisa que fosse... Acho que entrei em crise antes de fazer uma viagem! E olha que era a viagem dos sonhos! Então o que fiz: viajei, guardei a crise num “baú” e agora, olha eu aqui, com ela batendo na porta, já quase arrancando fora a fechadura!
Não daria pra descrever, porque é muita coisa se amontoando no corpo e na cabeça de uma mulher de... Nossa!! Isso também faz parte dela, da crise. Uma idade que antes de chegar já anuncia as mudanças. Finjo que a omissão ajuda. Mas nada! Deixa-me aqui, essa pessoa que já passou dos 38. E é cheia de margens!
E por falar em viagem (estes parênteses são para ela – a viagem – depois volto pra crise), muito bom ver paisagens, gente e culturas tão diferentes! E mais uma vez “viajando” por esse mundo dos blogs, li algo que me chamou a atenção para o ato de viajar, numa dica de leitura de Teoria de viagem: uma poética da geografia, de Michel Onfray, filósofo francês, que traz questionamentos sobre o intuito humano para o ato de viajar, refletindo sobre as origens dos desejos que a motivam, porque nos sentimos mais nômadas ou sedentários, porque somos impelidos para o movimento constante, a deslocação, ou amamos o imobilismo e as raízes...

“Cada qual dispõe de uma mitologia antiga criada pelas leituras da infância, pelas recordações de família, pelos filmes, pelas fotografias, pelas imagens de um mapa-múndi de escola pendurado ao fundo da sala de aula num dia melancólico.”
Michel Onfray

Pois é... Eu cá, com meus botões, pensando sobre o que Onfray diz, revirando as memórias da infância e revivendo a minha geografia, vejo o quanto devem ter influenciado nesse meu desejo de viajar, e nas escolhas dos lugares onde vou. Curioso, estando em terras estrangeiras, foi me perceber tão desprendida de preconceitos, o que me permitiu mergulhar plenamente na paisagem, imbuída de um sentimento de pertencer a esta terra, a este universo, aos diversos elementos, num exercício de compreensão de outras realidades.
Aí me vem a frase do autor “O turista compara, o viajante separa.” E mais uma reflexão, embora o sentimento nacionalista se faça presente, compreender essas distintas realidades sem compará-las, talvez seja o mais saudável, e foi o que busquei fazer nessas minhas andanças por Portugal e Espanha.
E, realmente, o fato de conviver desde criança com os romeiros da Lapa, na sua peregrinação anual, além de todo o meu referencial literário e afetivo, vivido durante a infância, certamente contribuíram para a construção de um imaginário que, de alguma forma, foi determinante para fazer crescer em mim o apelo com relação aos lugares que me fascinam e me impelem a viajar.
Fato é que a viagem foi mesmo dos sonhos! Sonhos de menina e sonhos da mulher que hoje sou, de espírito aventureiro, já do nascedouro.





Barcelona - Es



Santiago de Compostela - Es

Braga - Pt


Guimarães - Pt

quarto crescente

Porque vejamos: uma lua destas
já nem lua é. A lua quer-se grande,
leitosa, apontável às crianças:
olha o homem da lua, os olhos, a

vassoura. Mas uma lua destas,
desfazendo-se em sombras, um ar
de quem passou o dia em claro
já nem lua é. Que não exija então

o impossível, que não se finja
a sério a pedir versos e algum olhar:
o poeta não usa telescópio,
nem se vai acordar uma criança
por gomos de luar

Ana Luísa Amaral,
In "COISAS DE PARTIR" (1993)

origem do berimbau

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ver-rever-transver

“O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo”.
Manoel de Barros

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Esopo


Um lobo vestiu a pele de um cordeiro. Contudo, não deixava de ser um simples lobo vestido com uma pele de cordeiro. O lobo vestiu então uma segunda pele de cordeiro. Mesmo assim não passava de um lobo vestido com duas peles de cordeiro. O lobo decidiu vestir uma terceira pele de cordeiro. Um observador atento percebia que era um lobo enrolado em três peles de cordeiro. O lobo vestiu uma quarta pele de cordeiro. Agora, sim, estava irreconhecível. Era um cordeiro enorme, redondo, farfalhudo. Os outros lobos nunca tinham visto um cordeiro tão grande e tão bem nutrido. Levaram uma noite inteira para o devorar.
Rui Manoel Amaral

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vanguarda no Pelô

CILELIJ


Entre os dias 24 e 28 de fevereiro de 2010, a literatura infantil e juvenil ganhará um novo impulso, com 1º Congresso Ibero-Americano de Língua e Literatura Infantil e Juvenil, a ser realizado na na cidade de Santiago, no Chile. Organizado pela Fundação SM e pela Direção de Bibliotecas, Arquivos e Museus do governo chileno, o evento pretende contribuir para a construção de um amplo e generoso painel a respeito da literatura infantil e juvenil ibero-americana, tanto do ponto de vista geográfico como histórico, discutindo passado, presente e perspectivas futuras de sua produção.
Os participantes do CILELIJ 2010 contarão com os módulos Acadêmico, que envolve conferências, mesas-redondas, comunicações e debates, no período diurno e é reservado aos participantes inscritos; e o Cultural, à noite, com exposições, espetáculos teatrais e lançamentos de livros, abertos ao grande público. O programa completo e os procedimentos para inscrição estão acessíveis no site
www.cilelij.com.
Fonte: www.dobrasdaleitura .com

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

um lugar que já foi meu



Essa saudade da Lapa, que ando sentindo, na verdade é saudade de um tempo! Dia desses, num desses passeios que dou pelo universo bloguiano, li essa frase da Alexandra Monteiro: “Nenhuma cidade é nossa com facilidade: a pertença chega com o mesmo vagar dos musgos”. Curioso... Pensar no tempo “vendo-o” de longe, não percebemos esse vagar, mas concordo que seja assim! É como se ele (o tempo) tivesse corrido, isso sim, feito trem-bala, e a estação é o hoje (é aqui que encontro os musgos). E nesse congestionamento das memórias, me pego a freqüentar de novo aquelas ruas, as ruas em que passaram os meus avós, os meus pais, irmãos, tios e primos, amigos...
A cidade é um acúmulo de imagens sobrepostas: o velho no novo e o novo no velho! E a gente existe na composição dessas imagens, paisagens. E assim se vai tecendo a história dela, da cidade, que é um conjunto das histórias das pessoas e do que elas fazem, experimentam, produzem, vivem. O lugar.
Estive lá apenas por um dia, depois de três anos! Tão injusto dar tão pouco tempo pra memória! Uma crueldade... Logo ao chegar, o morro, de longe, me recebe, como se dando as boas-vindas. Percorro o mesmo trajeto da escola pra casa. Agora parece tão mais perto! Na boca o sabor do geladinho de manga, que só quem provou é que sabe. Viro a esquina e vejo o clube - os primeiros carnavais – fantasias, máscaras, blocos, bandas e marchinhas, que nem ouvimos mais.

Ainda não tinha percorrido nem um terço das paredes da memória, que parecia que se movimentava como em turbilhão, suspeitando, já, que teria poucas horas pra vivenciar de perto as lembranças, trabalhando no embaraço de tanta imagem que ia surgindo, fazendo bagunça na cabeça!
E assim foi essa ida, rápida como os raios que eu via por lá, quando era criança ainda, e minha vó alertava: “Toma cuidado, menina! Fica atenta ao trovão! Depois dele sempre relampeja, e relâmpago é perigoso!”. Mas eu não tinha medo, não! Gostava mesmo era de tomar banho de chuva no quintal! Mas no dia que um raio derrubou o pé-de-limão, aí sim, senti um medinho só!
As visitas habituais seriam certas, como foram. Ir à gruta do Bom Jesus da Lapa. As cenas, quase que pitorescas, dos romeiros, envolvidos com suas orações, promessas e pagamento delas.
Como o clima ainda é de romaria por lá, a cidade não se desfez desse cenário. Na porta da gruta, muitas barracas dos ambulantes. A memória viaja de novo, lembrando da infância, quando conheci as primeiras literaturas de cordel. Ficava encantada com aqueles homens enfeitados com acessórios de couro, chapéu, gibão e viola na mão, desenrolando com tranqüilidade versos engraçados, cheios de rima, com um forte conteúdo sertanejo nas histórias, no sotaque...
Ir à casa onde moraram os avós... Ali, até cheiro eu senti, do “malassado” que minha avó preparava, delicioso! Ah, lembranças boas! Quando criança, a casa me era enorme! Agora, como parece pequena... E o vazio dela (lá já não mora mais ninguém) ressaltou a completude que foi ter tido os avós que tive, que embora não estivessem ali, agora, a memória tratou logo de povoar toda a ausência! Fechei os olhos e esbarrei comigo, pequena, correndo ao redor da casa. Tropeçei em mim e voltei.
Ficaria aqui, contaria tantas outras histórias... Sobre um tecido de retalhos, cosido com a linha do tempo!
Por hora, tomo um café e penso: num tempo, aquele foi o meu lugar!

(...)
"Por isso gosto tanto de me contar
Por isso me dispo
Por isso me grito...”
Drummond





segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Boas notícias

1. Saber que vai acontecer nos dias 4 e 5/09 o 16º Festival Perc Pan - Panorama Percussivo Mundial, com a banda americana Beirut, Ramiro Musotto, Cyrill Hernandez (percussionista francês), Andrea Piccini (italiano),Grupo Takashi (japonês), o jordaniano Ahmad Al Khatib, entre outros. No TCA.
2. Saber que o Gilberto Gil vai estar no Projeto Música Falada, no dia 01/09, no TCA, e no dia 06/10 será a vez do Marcelo Nova.
3. Saber que a SÉRIE TCA estará apresentando o grupo Buena Vista Social Club Stars e Convidados, formado por 12 integrantes, entre eles Rodolfo Argudin (piano), Tommy Lowey Garcia (trompete), Heikel Trimiño (trombone), Fabian García (baixo) e Amadito Valdes (tímbales) e Barbarito Torres (alaúde).
3. Saber que terei um fim-de-semana "esticado" pra aproveitar tudo isso e mais um pouco!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

não precisa ter um chapeuzinho vermelho!

*Ilustração importada do blog: saravaclub.blogspot.com


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

anticristo

E por falar em cinema, parece que o novo longa de Lars Von Trier (um dos meus diretores favoritos, embora seus filmes sejam muito densos) - Anticristo - causou muita polêmica em Cannes. O público ficou abalado com o clima de terror, tensão e violência da película.
O filme conta a história de um casal, interpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, que se refugia numa floresta isolada após a morte de seu filho. Lá fora, na vastidão da natureza, algo maligno - vegetal, animal e, mais do que tudo, humano - vai se apoderando de suas mentes.
O diretor dinamarquês afirmou (O Globo) que fazer este filme foi uma maneira que encontrou para se recuperar de um período de severa depressão. "Eu trabalho para mim mesmo, não fiz este pequeno filme para você ou para o público, por isso não acho que deva explicar nada a ninguém", disse.
Polêmicas a parte, o filme tem estréia marcada para 28/08.
Quem tiver disposto a conferir, vale lembrar o clima de Dançando no escuro, Dogville e Manderlay.


Bagdad Cafe

Marianne Sägebrecht (Jasmin) e CCH Pounder (Brenda), em Bagdad Cafe

Esses dias dei pra arrumar as coisas todas, guarda-roupa, estante de livros, dvds, cds... bom rever coisas que nem lembrava mais que tinha! Então encontrei uns cds, trilhas sonoras de filmes: As Bicicletas de Belleville, O fabuloso destino de Amélie Poulain, Pulp Fiction, Natural born killers, Kill Bill, The Million Dollar Hotel, Jackie Brown e vários outros. Uma boa coleção! Mas um, em especial, me chamou a atenção: Bagdad Cafe. Trilha de um belo filme, sensível e delicado, do diretor Percy Adlon. Fala das relações humanas, do estranhamento em relação à novidade, de encontros e desencontros, descobertas e mudanças. A música tema se repete em várias versões - “Calling You”- indicada ao oscar de Melhor Canção Original; uma música melancólica e profunda que reflete perfeitamente o clima de solidão do deserto e das personagens de Bagdad Café. Mas é com a alegre canção “Brenda, Brenda” que o filme encontra seu ápice, tanto na trilha sonora, quanto no enredo, representando as transformações sofridas pelos personagens da trama. Realmente tocante! Daqueles que acabam e te deixam ainda na atmosfera...


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

isca


Estou tão próxima das palavras, mas ainda assim me perco delas, às vezes...
Isca no mar de palavras, pesco algumas:

[...]

"Lutar com a palavra
é a luta mais vã.
No entanto,
lutamos mal rompe a manhã".

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 11 de agosto de 2009

na letra "e" eu gosto de


eletricidade, euforia, encontro, eco, enredo, espuma, espaço, exagero, ele

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

nostalgia

Romaria em Bom Jesus da Lapa-Ba

Nessa época sempre sinto saudade da Lapa... Uma saudade que mistura monte de coisas! As memórias da infância, dos lugares, das pessoas, dos acontecimentos... É que no mês de agosto a Lapa fica em “festa” - a romaria! A cidade recebe "fiéis" de todo canto! Gente do norte, gente do sul, gente do meio, gente que não acaba mais! Gente que viaja longas horas, a maioria sobre a carroceria de um caminhão pau-de-arara, os romeiros tradicionais; e outra parte, os romeiros-turistas, que vai a procura de algo nostálgico, mais ligado a uma cultura turística do que ao desejo de peregrinação religiosa, ou seja, vêem a romaria, com seu misticismo, sua religiosidade, como uma curiosidade, enquanto os primeiros a têm como um culto.
Saí da Lapa ainda muito nova, portanto, o que me lembra esse período está muito ligado ao mítico, ao encantamento, próprios da infância. Embora hoje, já adulta, compreenda que as representações em torno da romaria sejam outras, ligadas a significações diferentes, devido aos sentidos que lhe foram sendo atribuídos, ao longo do tempo, pelos moradores, pelo clero e pelos próprios romeiros, sentidos esses que envolvem tanto o ideário peregrínico, quanto o aspecto turístico.
Fato é que a romaria possui um caráter festivo, lúdico e transgressivo da peregrinação, que incorpora o lazer, a diversão, o comércio, ao culto religioso. E isso movimenta Bom Jesus da Lapa há muitos e muitos anos! E tem tanto tempo que não vou lá nessa época... Razão da nostalgia.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

a maior flor do mundo

Quando a Nath tinha sete aninhos, li pra ela "A maior flor do mundo", do Saramago.
"Também queria uma flor grande dessa! Mas ia molhar com meu regador que minha vó me deu!", disse ela quando terminei a história.

História de uma flor
By José Saramago

Aí pelos começos dos anos 70, quando eu ainda não passava de um escritor principiante, um editor de Lisboa teve a insólita ideia de me pedir que escrevesse um conto para crianças. Não estava eu nada certo de poder desobrigar-me dignamente da encomenda, por isso, além da história de uma flor que estava a morrer à míngua de uma gota de água, fui-me curando em saúde pondo o narrador a desculpar-se por não saber escrever histórias para a gente miúda, a quem, por outro lado, diplomaticamente, convidava a reescrever com as suas próprias palavras a história que eu lhes contava. O filho pequeno de uma amiga minha, a quem tive o desplante de oferecer o livrinho, confirmou sem piedade a minha suspeita: “Realmente”, disse à mãe, “ele não sabe escrever histórias para crianças”. Aguentei o golpe e tentei não pensar mais naquela frustrada tentativa de vir a reunir-me com os irmãos Grimm no paraíso dos contos infantis. Passou o tempo, escrevi outros livros que tiveram melhor sorte, e um dia recebo uma chamada telefónica do meu editor Zeferino Coelho a comunicar-me que estava a pensar em reeditar o meu conto para crianças. Disse-lhe que devia haver um engano, porque eu nunca tinha escrito nada para crianças. Quer dizer, havia esquecido totalmente o infausto acontecimento. Mas, há que dizê-lo, foi assim que começou a segunda vida de “A maior flor do mundo”, agora com a bênção das extraordinárias colagens que João Caetano fez para a nova edição e que contribuíram de maneira definitiva para o seu êxito. Milhares de novas histórias (milhares, sim, não exagero) foram escritas nas escolas primárias de Portugal, Espanha e meio mundo, milhares de versões em que milhares de crianças demonstraram a sua capacidade criadora, não só como pequenos narradores, também como incipientes ilustradores. Afinal, o filho da minha amiga não tivera razão, o conto, de transparente simplicidade, havia encontrado os seus leitores. Mas as coisas não ficaram por aqui. Há alguns anos, Juan Pablo Etcheverry e Chelo Loureiro, que vivem na Galiza e trabalham em cinema, procuraram-me com o objectivo de fazer da “Flor” uma animação em plasticina, para a qual Emilio Aragón já tinha composto uma bela música. Pareceu-me interessante a ideia, dei-lhes a autorização que pediam e, passado o tempo necessário, inútil dizer que depois de muitos sacrifícios e dificuldades, o filme foi estreado. Eu próprio apareço nele, de chapéu e bastante favorecido na idade. São quinze minutos da melhor animação, que o público tem aplaudido em salas e festivais de cinema, como foram, no passado recente, os casos de Japão e Alasca. Como foi igualmente o prémio que acaba de lhe ser atribuído no Festival de Cinema Ecológico de Tenerife, felizmente ressurgido de uma paragem forçada de alguns anos. Chelo veio a nossa casa, trouxe-nos o prémio, uma escultura representando uma planta que parece querer ascender até ao sol e que, muito provavelmente, irá continuar a sua existência na Casa dos Bicos, em Lisboa, para mostrar como neste mundo tudo está ligado a tudo, sonho, criação, obra. É o que nos vale, o trabalho.

Publicado em O Caderno de Saramago

terça-feira, 28 de julho de 2009

e por falar em cinema

pois é, acabei me esquecendo de postar aqui, pros visitantes e fantasmas interessados:

Acontece essa semana, entre os dias 27 de julho a 01 de agosto, o V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual (SEMCINE). Como nos anos anteriores, o V SEMCINE exibirá filmes inéditos na Bahia e no Brasil, e promoverá discussões e reflexões sobre a criação, produção, circulação e o consumo do audiovisual. A mostra de longas metragem contará com películas inéditas dentre as quais: “Karamazov” filme Tcheco do diretor Petr Zelenka, premiado no Karlovy Vary Internacional Filme Festival; “La Buena Vida”, filme vencedor do prêmio Goya de melhor filme hispano-americano 2009, do chileno Andres Wood; “Intimidades de Shakespeare e Victor Hugo”, filme mexicano de Yulene Olaizola e “Pau Brasil”, de Fernando Belens, em pré estréia nacional e internacional.

Fonte:http://www.seminariodecinema.com.br/

fotografias que o cinema me deu

Asas do Desejo - Wim Wenders


Jules et Jim - Truffaut

Les amants du Pont-Neuf - Leos Carax



Delicatessen - Jean-Pierre Jeunet



O último tango em Paris - Bernardo Bertolucci


O balão vermelho - Albert Lamorisse






segunda-feira, 27 de julho de 2009

NAUFRÁGIO NA SALA CECÍLIA MEIRELES


.... mar com corpo, sala com mar, som

com sala, corpo com som. Sal, Sal,

e Sal. Boca de coral vermelho

numa língua de escamas cromáticas,

escalas de sargaço, notas desbotadas.

Naufrágio de cadeiras no resto

de ferros afundados. Ondas me arrastam

desta sala. Das correntezas do som,

a respiração deriva para a amplidão.

A dentada do pâncreas no rosto

de um tubarão. Onde as bocas

com a água dos corpos soletrada? Onde

as que querem com a náufraga se unir?

Nada escuto, neste mar agora amplo,

senão as ondas. Nas ondas do som, o silêncio de ondas. Só onde soa o silêncio de ondas anda o som, o som do silêncio. Entre silêncio e som, entre som e silêncio, a onda. Entre o sol do silêncio e o som do sol, entre o sono sonegado pelo sino do som, acorda o silêncio do sino solerte do sol. O solêncio. O sinêncio. (Jamais escutamos o silêncio sem o dizer. Jamais escutamos o silêncio sem o dizer).

António Cícero

dos desejos

Praia de Baía Formosa-RN

será que se eu disser mar
mar
mar
mar
mar
mar
ele vem ter comigo?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

conceitos que voam

Certa vez li e fiquei a pensar:

“(...) e o céu, é um conceito que voa?”

ave
balão
avião
foguete
pensamento
borboleta
olhar
vento...

terça-feira, 21 de julho de 2009

linha da dança

Dançarina da Cia Trama-foto de Guilherme Cunha


De qualquer modo dança.
De qualquer modo sente.
De qualquer modo o corpo contém o dia.
De qualquer modo as cores e o Músculo.
De qualquer modo o coração.
De qualquer modo sempre no Fundo a Memória.
Mas de qualquer modo sem TEORIAS.
De qualquer modo com a teoria da poética que é não existir teoria e só existir poética.
De qualquer modo a ciência atrapalha um pouco, mas não totalmente.
De qualquer modo curiosidade.
De qualquer modo colecionar montanhas.
De qualquer modo acabar quando o ritmo exige que se continue
o ritmo exige coisas que não devemos aceitar obedecer ser escravos.

Gonçalo Tavares

domingo, 19 de julho de 2009

invenções


Você inventa grite
Eu invento ai!
Você inventa chore
Eu invento ui!
Você inventa o luxo
Eu invento o lixo
Você inventa o amor
Eu invento a solidão
Você inventa a lei
E eu invento a obediência
Você inventa Deus
E eu invento a fé
Você inventa o trabalho
E eu invento as mãos
Você inventa o peso
E eu invento as costas
Você inventa a outra vida
Eu invento a resignação
Você inventa o pecado
Eu fico aqui no inferno
Meu Deus, no inferno
Valha-me Deus, no inferno.

Ui! (Você inventa), de Tom Zé e Odair Cabeça de Poeta

sábado, 18 de julho de 2009

na letra "a" eu gosto de

andar, adormecer, amanhecer, anoitecer, avesso, asas, azul, ar, árvore, afeto, alguém

arco-íris da janela



tem dia que acho tudo desbotado...
é quando quero fugir do mundo e ficar mais perto do céu!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

esse corpo de água e outros elementos

Saul Steinberg, Girl in Bathtub, 1949.
"É que se analisarmos o nosso corpo só encontramos água e uma dezena de matérias que nela flutuam. A água sobe em nós exactamente como nas árvores. As criaturas animais, tal como as nuvens, são formadas de água. Acho isto um encanto. Portanto não sabemos muito bem o que havemos de pensar de nós próprios. Nem aquilo que devemos fazer. (...) Ele afirma que desde então as coisas se têm complicado bastante. Assim como flutuamos na água, flutuamos também num oceano de fogo, numa tempestade de electricidade, num céu de magnetismo, num charco de calor e assim por diante. Mas isso não sentimos nós. Numa palavra, só restam fórmulas."

Robert Musil, O homem sem qualidades

domingo, 12 de julho de 2009

blue hihway




embora o nosso inverno sofra uma crise de identidade freqüente (pensa que é verão), nesse tempo fico mais caseira, e nada melhor que um blues, pra combinar com a atmosfera, que também é pura cena, já que não tem frio, nem melancolia... chove em algum lugar, mas eu estou noutro lugar, que não aquele que chove! e tenho discos de blues! que alívio! só não tenho um inverno...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

paixão pelos livros II


corot


von gogh


renoir


fragonard

paixão pelos livros



Para gostar de ler

José Mindlin, 94, é formado em direito pela USP, já foi empresário, advogado, repórter e secretário estadual de cultura em São Paulo. No entanto, o que o tornou conhecido não foi o exercício de nenhuma dessas atividades, mas seu vício por livros, ao qual ele se refere como uma "loucura mansa". Em sua nova obra, "No Mundo dos Livros" (ed. Agir, 104 págs., R$ 30), Mindlin fala de seus autores favoritos, da revolução causada pelo surgimento da imprensa e do consequente aumento do acesso à leitura no século 15. Também explica como começou a formar sua biblioteca pessoal, aos 13 anos. Hoje, ela tem aproximadamente 38 mil volumes. Imortal (como são conhecidos os membros da Academia Brasileira de Letras), o bibliófilo diz que seu objetivo com o novo livro é "infectar as pessoas com o vírus da bibliofilia" . Ele não acredita que existam pessoas que não gostem de ler: "Certamente não foram devidamente estimuladas".

fonte: http://www1. folha.uol. com.br/fsp

terça-feira, 7 de julho de 2009

Açúcar e Arte

foto: ©Marcio Fagundes
Saccharum Ba


O Museu de Arte Moderna da Bahia recebe a exposição Saccharum BA, que aborda, por meio de diversas linguagens da arte, o tema do açúcar em suas múltiplas facetas. A cana-de-açúcar e a economia mundial, da época colonial ao bioálcool, alimento, mercadoria, combustível perpassam as propostas artísticas da exposição, que marca o encerramento do projeto multidisciplinar "A Rapadura e o Fusca: Cana, Cultura e Sociedade", do Goethe-Institut. A mostra reúne obras de artistas nacionais e estrangeiros, como Jonathan Meese, Simone Nieweg, Jürgen Stollhans e Janaína Tschäpe da Alemanha; José Rufino, Vauluizo Bezerra, Ieda Oliveira, Gaio Matos, Ayrson Heráclito, Maxim Malhado, Herbert Rolim, Márcio Fagundes, Caetano Dias e Baldomiro Costa do Brasil; Shelley Miller do Canadá, e Meschac Gaba do Benin, entre outros, além de peças dos acervos locais que têm relação com o tema. O circuito da mostra inclui três núcleos diferentes:
1) no MAM são apresentados trabalhos produzidos especificamente para a mostra, que dialogam com obras do acervo da Galeria Paulo Darzé e de arte moderna do próprio MAM;
2) na Galeria do ICBA, é apresentado um recorte sobre as cachaças baianas dirigida ao aspectos do design dos rótulos e da produção da bebida no interior da Bahia, com fotografias de Flavio Soledade;
3) no Museu Carlos Costa Pinto são focalizados alguns dos legados do engenho, acrescentando ao acervo próprio do local peças do Museu Wanderley Pinho.
A visitação estará aberta ao público até 30 de julho, com entrada gratuita.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

psicodelia




Não deixo de me surpreender com a Bjork! Seus videoclipes são verdadeiras viagens, alucinantes!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

cinema e café

vista do Solar do Unhão

tarde de um dia de férias. fui ver Palavra (En)cantada. belo documentário! a música como ponte para a poesia e a literatura. conversas com diversos artistas da nossa cultura: Arnaldo, Betânia, Chico, Adriana Calcanhoto, Lirinha, B-Negão, Tom Zé, Lenine... imagens raras! um deleite só!
depois aquela parada no Café do MAM, pro pôr-do-sol de cada dia. gente que vai chegando. um grupo, dois grupos, três grupos... falam e falam, blá, blá, olá, como vai? tudo bem? sorrisos, olhares, paqueras, conversa fiada e tambem pra boi dormir. mais tarde um som que vem das pickups de um Dj. grave, agudo, médio, alto baixo. silêncio é o que não há! aumenta a agitação. gestos articulam-se em meio às conversas. movimento dos corpos, respondendo à sedução da música. ali fico algum tempo! até que chega a hora de ir. nos vemos outro dia! vamos combinar algo pra depois... o ócio de um dia de férias!
segredo


A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Museu da Língua Portuguesa - SP

Foto de exposição do Museu da Língua Portuguesa-SP



curioso como não ficamos satisfeitos em apenas contemplar a leitura... desejamos a poesia como um souvenir. nada que uma câmera não resolva!

domingo, 7 de junho de 2009

condenados à música



"Onde estamos quando ouvimos música? A indicação do local permanece vaga; apenas é certo que nunca se pode estar completamente no mundo quando se está a ouvir música. Porque ouvir, no sentido musical, quer sempre dizer ou ir ao encontro do mundo ou fugir dele. Por isso, na aproximação a ontologia do ouvido surgem de novo as perguntas daquela antiga gnose que , na modernidade, apenas se pode manifestar anonimamente.O humano ser-no-mundo representa-se, segundo a compreensão gnóstica, como um ser indo ou com um ser vindo, nunca como um insistir e habitar,por mais que Heidegger numa tardia viragem criptocatólica tenha tentado de novo abordar o homem como um inquietante ser que habita. Representam-se, com razão, os anjos como músicos, apenas tocam, não ouvem nada. Se fossem ouvintes, seriam semelhantes a nós. Mas nós estamos condenados à música, como à saudade e à liberdade. Enquanto arte dos condenados, a música continuará a ser, segundo uma expressão de Thomas Mann, até nova ordem, um território demoníaco."

O Estranhamento do Mundo, Peter Sloterdijk.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

uma razão

aqui, sem pretensões de grandeloquências!!

terça-feira, 2 de junho de 2009

fresta

caminho pra Cachoeira do Sossego, Lençois-Ba



Trilhando mesmo caminho das águas, flagrando pedaço do céu.